O que é?

Eletroporação consiste na aplicação de pulsos elétricos curtos de alta tensão que aumentam o potencial de transporte da membrana, promovendo uma formação transitória de poros aquosos, permitindo que macromoléculas migrem através desses poros. Para entender isso melhor é necessário lembrar que a membrana celular é a camada protetora da célula ela funciona como um porteiro, controlando o que entra nessa célula, mas se por algum motivo queremos inserir alguma coisa dentro dessa célula, por exemplo um medicamento, precisamos que a membrana fique menos seletiva para isso usamos a eletroporação, para que as “portas” se abram.

A eficácia do transporte depende dos parâmetros elétricos (frequência de pulso, formato de onda, intensidade do campo elétrico e outros) e das propriedades físico-químicas das drogas.

Eletroporação Reversível e Irreversível

Como mencionado anteriormente, na Eletroporação, pulsos elétricos curtos e intensos são aplicados. Tais pulsos podem ter três efeitos nas células. Se o campo elétrico gerado for muito pequeno, não há qualquer alteração nas células expostas a ele. Quando uma célula é exposta a um campo elétrico suficientemente elevado, sua membrana torna-se temporariamente permeável e moléculas de quimioterápicos que antes não conseguiam passar por ela o fazem, o valor de intensidade do campo elétrico em que a permeabilização reversível é alcançada é denominado de limiar reversível. Quando o campo elétrico passa de um determinado limiar, particular para cada tipo de célula, as alterações provocadas na membrana celular tornam-se permanentes, levando à morte celular devido à perda de homeostase, o valor de intensidade do campo elétrico em que as mudanças na membrana celular se tornam permanentes é denominado limiar irreversível.

 

Aplicações

A eletroporação reversível de tecidos vivos é hoje utilizada clinicamente ou em estudos terapêuticos. Como exemplo temos: transferência de moléculas de DNA ou eletrogenoterapia, introdução de fármacos anti-câncer em células tumorais (eletroquimioterapia) entre outros.

A eletroporação irreversível se mostrou uma grande promessa na ablação não térmica de tumores, com uso de fármacos adjuvantes. Mais recentemente desenvolveu-se seu uso em tecidos, com procedimento cirúrgico minimamente invasivo na ablação de tecidos tumorais sem o uso de fármacos. Fora do meio clínico, é importante frisar que o uso da eletroporação irreversível também está presente na indústria, em câmara para tratamento de patogênicos. No caso de alimentos seu uso é chamado de Pulse Electric Field treatment (PEF) explorada na esterilização de ovos ou mesmo na pasteurização suave a qual preserva os nutrientes mais valiosos prolongando a vida útil do alimento assim como seu sabor. 

Recentemente, a eletroporação foi inserida no mercado estético como um método capaz de permear uma ampla gama de ativos em grandes concentrações. Entretanto, são poucos os estudos referentes a este métodos fazendo com que a prática desta técnica ainda careça de respaldo científico que valide seu método de aplicação.

Eletroquimioterapia

Os cânceres culminam da mutação de células somáticas, é uma doença complexa que provoca o crescimento desordenado de células que invadem órgãos e tecidos.

O grau de evolução da doença e as condições clínicas do paciente são premissas para a escolha do tipo de tratamento: cirurgia, quimioterapia, entre outras. As técnicas disponíveis no mercado são diversas porém a adoção dessas técnicas deve atender aos aspectos de: efetividade, necessidade, segurança, eficiência e equidade. A eletroquimioterapia é uma dessas técnicas que consiste na junção da quimioterapia com a eletroporação.

Em resumo, a eletroquimioterapia é um tratamento antitumoral, local, no qual pulsos elétricos são aplicados no tecido alvo em conjunto com quimioterápicos. Os fármacos podem ser aplicados diretamente no tumor ou de forma intravenosa, para uma absorção mais eficiente dos mesmos, potencializando seu efeito antitumoral. Os quimioterápicos posicionam-se ao redor das células. Após a aplicação dos pulsos elétricos, poros são formados, e os quimioterápicos penetram nas células. Cessados os pulsos, a membrana torna-se impermeável novamente e os quimioterápicos agem localmente. Atualmente, no Brasil a eletroquimioterapia vem sendo utilizada na área veterinária.

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